Samba sobre o infinito

Meu aniversario! Hoje é meu aniversario!
Hoje faco 25 anos. E nao há nada que me dê pistas de para onde foi todo esse tempo ao qual se refere esse número: 25.

Talvez esse tempo todo tenha mesmo ido para uma conta que nao vai acabar nunca. Tenha vindo de um relógio que nao vai parar nunca. De um calendário que jamais chegará ao fim. Por que ainda que eu deixe de existir vou continuar fazendo aniversário no mesmo dia e de ano em ano somando mais números a essa conta de aniversários.

Por isso hoje eu vou fazer; ao meu jeito eu vou fazer, um samba sobre o infinito. Pra celebrar essa conta de 25 anos; que também poderiam se chamar 25 pedras ou 25 núvens, e que nao vai parar nunca.

Celebro por que hoje me dei conta de que por mais gorda que pareca a soma; quando comparo com a última vez em que a casa da dezena marcava 5, já se foram 10 anos, ou pedras, ou núvens. E essas pedras ou núvens me trouxeram um sem fim de alegrias e experiências que fazem com que esse número 10 pareca nada.

Meio dramático eu sei. Parece que chego aos 25 em clima de 65. Mas me alegra mais perceber o peso leve desses últimos 10 anos agora, do que levar mais 40 para entender do que se trata.

No dia em que completo 25 núvens(gostei mais desse por ser macio e efêmero, talvez as pedras sejam concretas demais para a ocasiao) é impossível nao pensar nos que estiveram sempre me circundando durante o transcurso dessa conta. Minha mae e meu pai, que em verdade sao os que deveriam ser parabenizados hoje e minhas irmas. Uma que é minha companheira desde o tempo em que eu tinha 7/8 de núvem e a outra que chegou quando já se acumulavam 13. Essas pessoas especiais e que têm suas núvens feitas da mesma agua que as minhas, devem ser celebradas hoje. É mais que justo incluí-las na letra desse samba.

Faco uma pausa de mil compassos e penso em todos os verdadeiros amigos que tenho. Também celebro toda essa gente como agua dessas 25 núvens. Eles sabem quem sao. Sabem que falo para eles e que lhes agradeco por fazerem parte dessa conta. Meus verdadeiros amigos “nao dizem nada sobre os meus defeitos” e se dizem é sempre em boa hora. Com eles compartilho meus segredos e confissoes por que sei que os que “sabem de tudo nao falam” e os que “nao sabem nada se calam”. Ou o que é melhor: fingem que nao sabem de nada e permanecem calados. Amo muito esses amigos! Sao melodía do meu samba. Com eles, ao infinito. Por mais quantas núvens eu puder contar.

É oportuno também celebrar os amores. Que foram muitos e que em medidas diferentes me fizeram e fazem feliz. As vezes triste, ok. Mas nessa conta infinita em que anos sao núvens, mais me vale contar felicidades que tristezas, já que as duas passam, também como as benditas núvens. Fato é que desde pouco mais de um ano tenho a sorte de disfrutar de um amor tranquilo que clareia esse meu céu e afujenta tempestades. Que dia após dia tem se feito mais importante e presente. Responsável por grandes mudancas e reviravoltas. Dedico a ele, por todo o carinho e pelo amor sincero que compartilhamos, uma pausa de uns 3 mil compassos. E desejo que possamos estar juntos durante a passagem de muitas núvens, “para ver as meninas/ e nada mais nos bracos/ só esse amor assim descontraído…”

E por fim, celebro a vida. Nao a vida de modo geral. Essa que todos sabem que é dom e presente de Deus. Que todos sabem que é para ser disfrutada e que só se vive uma vez. Celebro a MINHA vida. Agradeco por estar no comando dessa experiencia. Por me dar conta do quao livre e privilegiado eu sou por poder fazer as escolhas que fiz até agora e por ter obtido êxito em cada uma delas. Por ter a sorte de ter ao meu redor as pessoas com quem escolhi me relacionar e também que me ecolheram e sobretudo as que nao escolhi: as que ganhei de brinde quando se iniciou a contagem de núvens. Por ter passado por vários lugares e em cada um desses espacos que sao meus, ter colhido valores de outros e deixado os meus. Por ter aprendido a me apropriar de todas essas coisas e ter a capacidade de transformá-las como melhor me convén, seja para mim, seja para o outro.

Que se abra mais e mais o céu e que nele eu possa contar cada vez mais núvens. Que Deus me abencoe sempre cada vez mais e me permita por muitos anos mais seguir compondo “meu samba”; esse que fala sobre, mas que em verdade é o proprio infinito.