O que se passa é que:

Ja que agora estao me cobrando textos por comentario, vamos lah... maos a obra.

Esse teclado sem acentos, com ç mas sem til e essa coisa toda. Teclado no padrao espanhol, todo esquisito... eh o que temos.

Bueno, desde que escrevi falando do coelho gigante que vomitei ele ja distruiu muita coisa por aqui. Mas ta, isso eh assunto pra daqui mais um tempo e pra um post exclusivo. Hoje eh dia de tirar o atraso e contar as ultimas noticias pra atualizar quem precisa ser atualizado.

Passei na audiçao e as aulas comecaram no dia seguinte. Na quinta-feira dia 2. Nesse dia tivemos uma festa de Boas Vindas, ou Wilkomen Party, como eles chamam aqui. Fui lindo de manha fazer aula. Passamos o dia em funçao, conhecendo os coleguinhas, andando pela escola pra saber onde seriam as aulas, recebendo orientaçoes e recebendo os parabens das pessoas me viram circulando pela escola nas semanas anteriores. De noite a tal festa. Comida, bebida, musica e performances. O apse da noite, foi quando depois de eu jah estar chamando Jesus de Genesio começou uma rufa de Salsa. Me joguei, fui dançar com as europeias. Tava na festa a Luiza, uma brasileira do quarto ano. Liiinda e muito gente boa. Dancei com ela tambem. Nao sei muito bem se acabei com a minha reputaçao ou se ganhei alguns pontos.
De la fomos pro Mexicana. E ai foi soh lomba abaixo.

VOMIMTEI O COELHAO.
Foi foda.

No outro dia o Marcio chegaria.
Um clima estranhissimo. Atmosfera perfeita pra que as borboletas brotassem das cabeças.
E o fim de semana foi uma susseçao de merdas inacreditavel.
A cereja do bolo foi a apresentaçao da Pina que fomos ver no Domigo e que chegamos uma hora atrasados. Uma chuva do inferno, frio pra dedeu. Começava as 18h. 19 horas chegamos no teatro em Wuppertal, olhamos a chapelaria cheia. Ninguem no saguao. Pensei: "Fudeu!" Justo. Fodera.
Voltamos pra casa, o Make esperou a hora do trem dele aqui e depois foi embora.
O que salvou isso tudo foi ter visto ele.

Segundona bombando e tinha aula as 9h em Werden. Fica a dois trens e um onibus de casa. Levantei cedo e me toquei. Tinha que ver as coisas da minha matricula. Perdi as aulas da manha por conta do Escritorio dos estudantes que soh abre das 8 ao meio dia e pra priorar um pouco a agente administrativa NAO fala ingles. Bom, neh? Pois eh. Tinha vontade de explodir aquilo la. Uma fiiiiiila de gente. Asiaticos, franceses, Latinos, Alemaes, todo mundo esperando pra ser atendido por UMA agente que nao fala ingles. Dah pra conceber a demora? As pessoas geralmente levam alguem que fala alemao junto. O que dobra o tempo de atendimento por que ela tem de falar pra essa pessoa e o infeliz traduz pro estudante o que eh que outra esta dizendo. Uma burocracia digna de repartiçao publica no Brasil. To abismado com o tal escritorio.

Essa semana tive que abrir conta em banco, fazer seguro saude, pagar matricula e ver curso de alemao, pra todas essas coisas existem veteranos e colegas que falam alemao. Tive que alugar muita gente. Mas tah tah tudo feito. O que me incomoda eh depois de ter barba na cara e estar careca de fazer tudo sozinho, ter de pedir pra neguinho ir comigo abrir conta em banco, e fazer transferencia bancaria por mim... isso me torra a paciencia de um jeito...

As aulas dessa semana foram estranhas.
O ballet principalmente. Nao consigo me concentrar direito, nao consigo contar nem a musica mais lenta da aula, nada sai no tempo e eu me perco em absolutamente tudo. Parece que desaprendi a fazer ballet. Nao que algum dia eu tenha sido ninja, mas eu conseguia fazer as coisas na aula do Alex. Agora nem isso. O professor percebeu que eu tava desconcentrado e me chamou a atençao. Que vergonha do Waldir! Minha cabeça fervia na aula dele de sexta feira, fiquei meio irritado com a situaçao, tava me esforçando pra estar ali, mas nao tava rolando.

Malou tem se revelado uma grata surpresa. Cada dia mais.
A aula dela me faz sentir vivo. Eu acordo pra vida.
Ela nao sabe o nome de quase ninguem da turma. O meu ela sabe. Wiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Me chama de Duglás, com um sotaque frances carregado. Acho lindo quando ela fala Relevè e tendù. auhuhaahhua
Tem alguma coisa nela que me da um plim. Estou convencido que ela eh da Iansa(com o til nesse ultimo a). Acho que eh por isso q fico faiscando qdo vejo ela. É o ajuntó!(achei os acentos)
Ela tem um vento no cabelo e as vezes parece que anda montada num trovao. Uma energia que da pra sentir de muito longe. Esses dias tava sozinho caminhando pra uma das aulas no prédio de trás e me passou pela cabeça que eu ia encontrar a Malou. Qdo levantei os olhos dei de cara com ela. Fiquei: "UAU!"

Fiz aula de Flamenco na terça.
Huhahuahuahuahua o professor eh uma figura. Teve uma hora que ele botou soh os latinos na frente. Pq a gente arrassa na aula de flamenco. "Rompiendo el aire!" - como ele diz. Me achei ticudo ticodo ticudo!!!

A aula de kinetografia foi relampago.
"Oi, eu sou a Frau Ecker, a turma vai ser dividida em dois. Quem fala alemao pra cá, quem fala ingles pra lá. Vocês devem comprar folhas quadriculadas, régua, lápis e borracha, sim? Um beijo, vejo vocês na segunda que vem!"
Ficou todo mundo se olhando sem saber se tinha acabado ou se era pegadinha do Faustao.

Aula de música. Passeios mil pela escola. Pra saber quais outros escritorios vou ter vontade de explodir. A biblioteca. Sala da direçao. Refeitorio. Essas coisas tipo: Olha ali é a sala do diretor viu? Ok, ali é o banheiro. Lá é nao sei o que... Bem legal.

Passei a semana meio sozinho. Me sentindo merda por causa da historia com o coelho que vomitei. Sem vontade de falar com ninguem. Semana cinza. Uns dias frios e de tempo nublado. Fico pensando na primavera do Brasil. A escola tem umas cenas que, como diz a Thaís, se eu tivesse uma entrada USB na cabeça e pudesse mostrar pra todo mundo seria ótimo.
Tem uma coisa bacaníssima que acontece; é que sempre que se esta passando pelos corredores da escola pode-se ouvir alguem tocando violino, ou piano, flauta, fagote, cello, cantores líricos...
A escola, como eu já disse aqui, parece Hogwarts, a escola do Harry Potter.Tem corredores largos o chao tem ladrilhos antigos ou de pedra, meio sombrios. Essa semana eu tava passando por um corredor compriiiiido, que de um lado tem muitas janelas altas, as paredes e o chao sao de padra. Do outro lado tem muitas portas onde ficam as pequenas salas de ensaio e praticas do curso de música. O céu fechado de nuvens cinzas e uma chuva fininha. Aquele monte de folhas amarelas caindo das arvores e forrando o chao. E alguém que eu teria agradecido nessa hora, tocando Clair de Lune ao piano de dentro de uma das salas. Parei pra ver e ouvir. Quase chovi de tao triste a cena. Daquele jeito, naquele dia, hora e lugar tudo parecia meticulosamente planejado. Durante todo tempo que fiquei ali nao aparecera ninguem. Era só pra mim. Tem sido assim, repleto de surpresas e "momentos filme".

Tenho me irritado comigo mesmo por pensar tanto no Brasil e em como era a vida lá. Me parece injusto comigo e até ingratidao da minha parte ficar preso num lugar de onde eu quis sair por tanto tempo e agora, que tudo está acontecendo nao conseguir aproveitar como acho que deveria. Um bom tanto me permito sentir isso, mas por outro lado tenho essa revolta comigo mesmo.

Mas ta passando. Fiz alguns amigos na minha turma. Pessoas bacanas.
Su-Ri é o nome da oriental que fez o céu se abrir no dia da audiçao. Contei isso pra ela ontem de manha, no trem indo pra escola. Ela pareceu tao feliz por saber, que me envaidesci de ter capturado o momento pra poder contar pra ela. É uma das pessoas com quem tenho conversado. Marcelka, uma guria da Republica Tcheca, muito querida e que tem salvo meus intervalos do tédio. Darko, um alemao gago que fala inglês, francês, entende um minimo de espanhol e que pelo andar da carruagem vai virar o diplomata da turma. Roskanna, a iraniana que morava na Holanda e com quem tenho sentido uma afinidade de desejos esteticos e de curiosidades artisitcas. William, um Colombiano divertido com quem tenho dado boas risadas. E por fim Pamela, argentina de Buenos Aires, super querida e bem disposta.

Ontem fizemos um passeio que mudou minha vida.
Fomos ao Pact Zollverein. Um centro coreográfico MARAVILHOSO que funciona aqui na cidade, num lugar onde antes havia uma mina que foi desativada. O centro ocupa o predio que servia de vestiário e lavatório para 3 mil trabalhadores que circulavam pelo local quando ele ainda funcionava. Nas paredes foram concervadas as saboneteiras originais dos quartos de banho, com um sabonete branco e novo em cada uma delas. Três ou quatro salas de dança enormes, com chao convidativo, barras numa das paredes e bem arejadas, um Teatro, um restaurante e lounge com um palquinho para pockes e seminários pequenos e varias outras salas menores que ficam na parte onde eu pude circular. Sei que tem mais, mas nao tive tempo de ver.
Quando chegamos, o diretor artístico do local nos recebeu. Falou do projeto do Centro, contou um pouco da historia do lugar, falou de como as coisas funcionam por lá, o que o centro oferece e essas coisas. Depois começou a contar o que acontece na regiao, nos situou com um mapa improvisado, listou cidades onde há efervescência e profusao de coisas de dança acontecendo e ainda nos disse quanto tempo de viagem é necessário pra chegar a cada um. Conclusao. Estou no meio de tudo. É um lugar muito bem posicionado estratégicamente. Holanda, França, Bélgica, Áustria sem falar em Colônia, Düsseldorf, Frankfurt, Berlim tudo a no máximo 7h de trem. Eh como ir de Porto Alegre até Floripa e ter todo um universo de novas possibilidades bem na frente dos olhos. O centro propoe intercâmbios culturais, residencias, ateliers coreográficos, recebe atraçoes internacionais como Forsyte, Anne Teresa de Keersmaker, entre outros. A programaçao é diária e focada nao só na linguagem de dança, mas nas que fazem relaçao com ela, como audiovisual, musica, performance, arte interativa. Promove seminarios e exposiçoes. E abre as portas para projetos de NOVOS COREÓGRAFOS. Sai da conversa emocionado. Me soou como ter encontrado um Oásis. Fui falar com o cara. Agradeci. Pelas informaçoes, pela abertura de horizontes e disse que queria trabalhar lá. Em seguida, deixando de lado completamente a minha noçao, falei pra ele que queria um emprego lá. Nem que fosse pra limpar o lugar. E pra minha surpresa ele foi receptivo. Já me pediu pra ajudar a arrumar umas cadeiras e disse pra eu escrever um e-mail que ele veria o que pode fazer. Tenho bons pressentimentos.
Se rolar tô feito!!!
Ainda ontem assisti a duas performances. E experienciei uma instalaçao sonora de um cara, que depois conversando, soube que estava em Porto Alegre há uma semana atrás. Muito coincidência maluca. Fiquei: "UAU!" - de novo.

Na volta pra casa sozinho, uma aventura.hauahuhahau
Voltar do Pact sozinho de trem sem me perder. Consegui. Tirando ficar sozinho, digo sozinho mesmo, no trem inteiro, andando no subsolo, o resto foi até bem divertido.
Aquele barulho sinistro, a luz branca de filme conceitual, aqueles túneis e galerias de baixo da terra e os três vagoes vazios. Só eu e o operador que fica numa cabinezinha lááááááááá na frente. Uma experiência e tanto.

E é isso aí, acho que contei tudo...
Esse texto ficou tao comprido que nem eu aguento mais.
Um beijo pra todo mundo.

Ahhh, essa semana visitei o blog de um amigo de Porto Alegre e lá estava isso. Me deu na pisquè. Tipo assim: "dito e feito!".


A uma hora dessas

Acordei com os pés no céu.

Acordei crente que enfim veio a verdade.

Cheia de mistérios, como convém às coisas verdadeiras; pela metade essa incerteza completa.

Sem saber qual a resposta da pergunta antiga quando surgiu a nova.

Mais um projeto inacabado, mais uma página preenchida com versos inúteis.

Não avancei nenhum sinal vermelho (tenho medo até do amarelo), não sei tirar o peso do pé do freio.

Na verdade eu nem sei dirigir.


O moço é cantor e compositor, gente bacana pra caralho e atende por Rafael Caetano.

E a Nico, pelo msn me deu isso:

Nao é lindo?

Tá!
Agora deu.